(Por Alexandre Fernandes, Combate.com)
Sediada na Rua Marquês de Abrantes, no bairro do Flamengo, no Rio de Janeiro, a equipe Nova União vive, diariamente, uma rotina intensa de treinos. Para os atletas de um dos principais times de MMA do Brasil, não tem descanso, não há vida fácil. E é lá que treina o campeão peso-pena linear do UFC, José Aldo, que busca unificar o cinturão da categoria até 66 kg no próximo sábado, na luta principal do UFC Rio 8. Por isso, o repórter Thiago Asmar, do Globo Esporte, escolheu o lugar para realizar a série “Treinamento de Choque”, que busca mostrar como alguém nunca antes treinado lida com as situações rotineiras na vida de um atleta de alto nível nas artes marciais mistas.
– É algo bem legal de tentar, mas um desafio muito grande para ele. Ainda mais sendo um cara que nunca fez alguma arte marcial. Quando coloca em um nível profissional, onde o cara tem que se esforçar ao extremo para chegar muito bem no dia da luta, o cara sofre muito. Isso eu posso garantir. Vamos ver como ele termina o resto da semana. Consultório médico, fisioterapeuta, a gente tem aqui. Só falta a ambulância. Mas ele está prontinho pra passar por lá – disse Dedé Pederneiras, líder da Nova União, que esteve ao lado de José Aldo para apresentar o jornalista aos lutadores da equipe.
Também presente na apresentação do novo “integrante” da Nova União, o peso-leve do UFC, Léo Santos, falou da importância do projeto, dando mais visibilidade às dificuldades que os lutadores de MMA passam e que são importantes na construção de um campeão. Porém, o atleta também questionou se Thiago Asmar conseguirá finalizar a intensa semana de treinamentos.
– É maneiro demais, dá pra mostrar ao público como é a nossa vida. Antigamente, tinha o TUF Brasil (reality show com lutadores que almejavam um contrato com o UFC e foi ao ar na TV Globo, de 2012 a 2015), o pessoal já tinha um pouco da ideia de como era. Agora, com um repórter participando da nossa rotina, nosso dia a dia, é bem maneiro. Só não sei se ele vai aguentar porque é bem difícil. Pode jogar bola, vôlei, mas lutar é complicado. É difícil – afirmou Léo Santos ao Combate.com.
Confira o primeiro episódio da série Treinamento de Choque, que foi ao ar hoje.
Apesar da desconfiança de todos, Thiago Asmar estava confiante que, pelo menos no primeiro dia, teria uma vida um pouco mais tranquila na academia, afinal, segundo a programação, seria apenas um “aquecimento”, com treinamento físico e musculação. Entretanto, assim que pisou na Nova União, o “alerta” de José Aldo já deixou o jornalista com uma “pulga atrás da orelha”. O motivo? A folga de domingo deixa os lutadores “no gás” para treinar pesado.
– Eu achei que ia ser um pouco mais suave. Imaginei que iria sofrer, mas não sabia que era tanto. O Aldo já tinha me alertado que o primeiro dia seria o pior. Ele disse que, por terem folga no domingo, a segunda-feira era quando o pessoal vinha “tirar casca” mesmo. Vim achando que seria só uma preparação física puxada, mas ali já foi muito bizarro. Os caras são uns monstros. Eles começam a correr na quadra com uma outra pessoa no ombro e eu fiz a mesma coisa, com uma lutadora de 70kg. Cor rendo pela quadra, ida e volta, seis vezes. Depois, correndo com ela, mais quatro vezes, saltando. E isso era só o aquecimento, uma das piores partes. Então, no aquecimento, às 8h da manhã, eu já estava com medo, já pensava o que viria pela frente. Fomos para a academia e eram cargas surreais. 160 kg na remada! Eu nunca peguei isso na vida. No supino, 50 kg de cada lado. Na puxada, 190 kg. Eu sentia dor no corpo todo, surreal. Quando acabou, eu estava quase vomitando. Isso foi de 8h até às 10h – comentou Thiago Asmar.
Porém, se apenas no aquecimento, o repórter corajoso já estava em uma situação bem complicada, o pior ainda estava por vir. Apesar de ser apenas um treino leve para os lutadores da Nova União, com uma pequena movimentação no kickboxing, Thiago Asmar já sentiu, no primeiro dia, que as pancadas iriam causar um estrago em seu corpo durante a semana.
– Me disseram que era só técnica no kickboxing, pra eu ficar tranquilo. Só que a técnica dos caras me destruiu, porque tem o contato. Levava chute e soco na cara, chute no queixo, me deram um soco e eu caí, ou seja, são pancadas fracas pra eles, mas, pra mim, doía muito. Eles têm uma forma de defesa de chute que eu não tenho. Eles falavam pra eu golpear, mas eu tinha medo porque, quando eu tentava bater, eu levava a pior. Teve uma vez, que eu consegui dar uma sequência, que eu achei que tinha sido monstruosa, só que ele veio pra cima de mim com uma sequência absurda. No final, o “Lek Lek”, que é muito gente boa, mas é “maluco”, veio treinar comigo. Ele me deu um soco, de cima pra baixo, bem no queixo. Eu caí, falei pra galera que fiquei meio tonto e achei que ele ia aliviar. Só que ele me deu um chute ainda mais forte, na coxa, não conseguia mais levantar. Uma dor insuportável. Fiquei com edema na perna e ainda não conseguia andar direito na segunda-feira à noite – concluiu Thiago Asmar.